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Monumento Heróis de Laguna e Dourados

Publicado: Quarta, 01 de Setembro de 2021, 14h29 | Última atualização em Terça, 28 de Novembro de 2023, 14h28 | Acessos: 1692


O Monumento dedicado aos heróis da Campanha da Laguna e Dourados tem por objetivo manter a memória nacional dos feitos de militares brasileiros na Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870). Com quinze metros de altura, o Monumento aos Heróis de Laguna e Dourados, na Praia Vermelha é um dos conjuntos esculturais mais imponentes da cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de uma homenagem aos soldados que morreram em luta pelo território brasileiro.

As batalhas de Laguna e de Dourados foram episódios trágicos do nosso Exército, onde se evidenciou o heroísmo, o patriotismo e a resistência daqueles brasileiros.

 


A Campanha da Laguna e Dourados


Imortalizada na literatura pela pena de um de seus protagonistas, Alfredo d'Escragnolle Taunay, posteriormente conhecido como Visconde de Taunay, que buscou inspiração na similaridade com a famosa Retirada dos Dez Mil, retratada por Xenofonte em a "Anábase".

 

 

 

A história dos heróis de Laguna se iniciou com a comoção gerada pela invasão da província de Mato Grosso (atual estado do Mato Grosso do Sul) por tropas paraguaias, em 27 de dezembro de 1864. Com a finalidade de libertar a província, organizou-se uma coluna expedicionária de três mil homens, percorrendo, em dois anos, 2.112 km a pé, partindo do Rio de Janeiro, em abril de 1865. Inicialmente era comandada pelo Coronel Pedro Manuel Drago e enfrentou, além dos paraguaios, duras condições sanitárias, logística deficiente, doenças endêmicas e um terreno difícil.

 

Em 29 de dezembro de 1864, os integrantes da Colônia Militar de Dourados, comandados pelo Tenente Antônio João Ribeiro, resistiram ao avanço de 365 paraguaios, resultando na morte de 15 homens, incluindo seu comandante.

Em resposta a violação do território brasileiro, em abril de 1867, sob o comando do Coronel Carlos de Moraes Camisão e guiados por José Francisco Lopes, o "Guia Lopes", 1.680 homens realizaram uma ofensiva contra o Exército Paraguaio, estacionado no local denominado "Isla Akãnravevo, situado a cerca de 12 km da fazenda Laguna - atual fazenda "Arroyo Primero".

Apesar dos sucessos iniciais, a dificuldade logística forçou a que o Coronel Camisão decidisse pela retirada da coluna, iniciada em 8 de maio, em jornada excruciante, na qual as baixas foram se multiplicando, dada a superioridade numérica paraguaia, fora as más condições enfrentadas pela tropa, em seu regresso, agravadas pelo ambiente hostil e má alimentação, que fizeram com que as doenças devastassem o efetivo que se retirava.

O cólera, o tifo, e o beribéri vitimaram boa parte dos militares, fora os combates contra as forças paraguaias, que, apesar de em maior número, não conseguiram destruir a coluna brasileira. Centenas morrem, vitimadas pela doença. Diante de cenário tão dramático, o Coronel Camisão toma a dura decisão de abandonar os doentes em clareiras, deixando bilhetes em que se clamava por piedade aos paraguaios por volta de 25 de maio.


A coluna brasileira continuou sua marcha, mas logo depois, Guia Lopes falece, pedindo para ser enterrado nos arredores de Miranda. A 29 de maio, consumido pela jornada e pelo cólera, falecem o Coronel Camisão e o Tenente-Coronel Juvêncio, passando a coluna, ao comando do Major José Tomás Gonçalves, que consegue, a duras penas, conduzir os homens exaustos até ao porto do Canuto.



Retornaram às linhas brasileiras as margens do Rio Aquidauana, hoje município de Anastácio-Mato Grosso do Sul, em 11 de junho de 1867 apenas 700 homens, alquebrados pela doença e pela fome, entretanto, a retirada se encerra com suas bandeiras e canhões sem ter sido derrotada pelo inimigo. Virtudes como valor, constância, disciplina e honra são algumas das melhores qualidades dos soldados brasileiros nesta epopeia.

 

monumentonapraiavermelha


O Monumento na Praia Vermelha

Já no século XX, a memória dos heróis de Laguna e Dourados foi evocada quando a Comissão de Linhas Telegráficas, chefiada pelo então Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon (falecido no posto de Marechal e patrono da Arma de Comunicações do Exército Brasileiro), passou pelo local da Retirada da Laguna. Viram-se as condições precárias na qual se encontravam as sepulturas daqueles homens, e cresceu um sentimento de construir um monumento à altura dos sacrifícios feitos.

Um concurso foi organizado por alunos da Escola Militar do Realengo, no ano de 1920, para arrecadação de fundos destinados à construção de um monumento que exaltasse a jornada da Retirada da Laguna e celebrasse tanto a seus heróis, o Tenente Antônio João e os militares que resistiram até a morte em Dourados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


O concurso tornou-se popular e rapidamente ganhou apoio de autoridades do governo, como o Ministro da Guerra, João Pandiá Calógeras e o Presidente da República, Epitácio Pessoa. O Congresso Nacional aprova uma lei no qual direciona recursos para a construção do monumento, tal como a Câmara Municipal do então Distrito Federal, Rio de Janeiro. Um periódico de grande circulação, a Revista da Semana, publicou a maquete da obra vencedora, em outubro de 1921. A obra chamada Veritas et Labor, de Antonino Pinto de Mattos, se tornaria o monumento que evoca as virtudes dos militares e seus sacrifícios graças à força que possuíam, representando a glória que atingiram, sendo a homenagem de uma Pátria agradecida, de forma a que não ficassem esquecidos pela História. As tensões da década de 1920, com levantes tenentistas no País impediram a consecução da obra, que só veio a ser construída em 1938, quando, em maio, o Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, autoriza o complemento de recursos à obra e escolhe o local: a Praia Vermelha, na Urca, na cidade do Rio de Janeiro, sendo inaugurada em grande evento a 31 de dezembro deste ano.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Com altura de 15 metros e uma circunferência de 53 metros, em granito branco, o monumento destaca a epopeia da Retirada da Laguna e o combate de Dourados através de esculturas em bronze no tamanho real dos heróis brasileiros, além de painéis das batalhas travadas, tendo no topo a figura em bronze da Glória. No mausoléu, estão as cinzas do tenente Antônio João, Major Drago, Coronel Carlos de Morais Camisão, guia Lopes e outros heróis.

As esculturas destacam três grandes heróis:

O tenente Antônio João, representado quando foi baleado ao defender o território brasileiro, em desalinho, bainha sem espada, vendo-se ao lado um pedaço dela, quebrada no fragor da luta;

 

 

 

 

A figura do Guia Lopes, pensativo, encurvado, apoiando o queixo no dorso da mão esquerda e na outra mão um chicote;

 

 

 

O Coronel Camisão, com a fisionomia de decisão. Em uma das mãos, a espada; na outra, o mapa de Campanha.

 

 

 

 

 

 

 

Um anel de bronze contorna em outro plano o pedestal, formando-se em alto-relevo as cenas mais dramáticas da Retirada:

O primeiro painel, descrito como “Salvamento dos canhões”, onde aparecem as juntas de bois, cansados, puxando as carretas, com a ajuda dos soldados, seminus;

O segundo painel, “Transporte dos coléricos”, onde as figuras apresentam os soldados extenuados, carregando aos ombros, em padiolas, os doentes

O terceiro, “A marcha forçada”, onde aparece o comandante à frente da coluna, tendo à mão esquerda um papel e o braço direito estendido em atitude resoluta, indicando aos soldados o caminho a seguir.

Na grande coluna de granito que enobrece o monumento, estão três esculturas em bronze que se projetam para frente, representando os símbolos da pátria, da espada e da história. No final da coluna, de seis metros de altura, fica uma outra estátua em bronze, figura de mulher alada, representando a Glória.



Dando acesso ao recinto do mausoléu, há uma porta em bronze, representação de um velho soldado de infantaria do Império, sobre uma cruz latina, de autoria de Calmon Barreto.

 

 

 

 

 

 

Monta guarda no sarcófago um lanceiro de bronze em tamanho natural, com indumentária e armamento da época, obra de Hildegardo Leão Veloso. Em seu interior estão as cinzas do Coronel Camisão, do Tenente-Coronel Juvêncio, do Tenente Antônio João e de Guia Lopes, bem como outros militares que participaram da jornada, sendo rememorados com medalhões e uma estátua de um soldado imperial em tamanho natural, que guarda o repouso dos heróis.

 

REFERÊNCIAS:

Imagens:

- Acervo Exército Brasileiro;

- Acervo Biblioteca Nacional;

- Acervo Museu Histórico Nacional;

- Acervo da Gerência de Monumentos e Chafarizes da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

- Acervo CPDOC – FGV;

- Acervo Sra Vera Dias, museóloga da Prefeitura do Rio de Janeiro

- Acervo Dra Anna Souza, tenente museóloga da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército.

Conteúdo:

- Sra Vera Dias, museóloga da Prefeitura do Rio de Janeiro

- Dra Anna Souza, tenente museóloga da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército.

- Prof Dr. Sandro, Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME).

Edição: Seção de Comunicação Social da ECEME

Áudios:

Tenente-Coronel Alessandra – ECEME;

Major Helena – ECEME.

 

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